Juscelino Filho será o novo ministro das Comunicações, pelo União Brasil
O médico e deputado federal pelo Maranhão, Juscelino Filho, será o novo Ministro das Comunicações do governo Lula. Seu nome foi confirmado agora pela manhã pelo próprio presidente empossado, ao anunciar toda a sua equipe, com 37 Ministérios. O deputado ingressa no governo pela cota do partido União Brasil (que é a fusão entre o DEM e o PSL, do então candidato Jair Bolsonaro). Ele passou a ser o nome indicado pelo partido, depois da desistência do deputado Paulo Azi, deputado pela Bahia, que até ontem era cotado como o mais forte.
Hoje, 29, pela manhã, o próprio Azi comunicava em suas redes sociais que teria desistido de assumir o Ministério. Além da pressão do PT e diferentes entidades sociais, havia também briga interna no próprio partido da União Brasil, encabeçada pelo atual presidente, Luciano Bivar, e pelo senador Davi Alcolumbre, reeleito pelo Amapá. No final, o partido ganhou o quinhão de três ministérios no governo, equiparando-se ao MDB e ao PSD, que também ficaram com três ministérios cada.
Após o anúncio de toda a sua equipe, Lula afirmou: ” No meu governo, não tenho de medo de escolher políticos, pois sei que a política é importante em quase tudo no mundo”. E disse que sabia que nem todos ficaram contentes com as indicações, e passou a fazer uma comparação com a seleção brasileira. “Todos falaram que Tite tinha escolhido a seleção dos sonhos e só criticaram o Daniel Alves pela idade. E o resultado da Copa deu no que deu. O melhor jogador escolhido foi o Messi, de 35 anos. Por isso recomendo a vocês, que sejam os mais democráticos o possível na escolha da equipe com qualificação técnica”, disse Lula, dirigindo-se aos escolhidos.
O outro nome que até ontem era cotado para assumir a pasta, de André de Paula, do PSD de Pernambuco, que não conseguiu a vaga de senador pelo estado, acabou sendo guindado para o Ministério da Pesca. E o petista Paulo Teixeira acabou na reforma agrária.
Quem é Juscelino Filho
Foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2015 e chegou a votar pelo impeachment da ex-presidente Dilma Roussef. Em sua atividade parlamentar há uma miríade de comissões especiais em que atuou, desde a que tratou da PEC de rodeios e vaquejadas até reforma política.
Entre os temas do setor, foi presidente da Comissão Especial que tratou da Inovação Tecnológica da Saúde, e integrou como suplente a comissão que estudou a regulamentação das moedas virtuais. Participa ainda da Frente Parlamentar de combate à Pirataria e defesa do Audiovisual brasileiro.
Já foi do DEM, partido que originário da Arena, que apoiava a ditatura militar, e integra atualmente o União Brasil. A sua indicação está mais vinculada ao Alcolumbre, que também indicou o ex-governador do Amapá, Walder de Goes, para o governo Lula.
O manifesto das entidades
Cerca de 80 entidades da sociedade civil – entre entidades de jornalistas, como Fenaj e sindicatos de jornalistas e de movimentos sociais, além de professores universitários e jornalistas, assinaram manifesto distribuído ontem à noite alertando contra a indicação de um integrante do União Brasil para o ministério.
Para essas entidades “ainda que a governabilidade seja uma questão no regime político brasileiro, não é razoável cogitar que um partido que até ontem esteve com Jair Bolsonaro controle uma área essencial ao combate à extrema direita”. Saímos de mais uma eleição em que ficou nítida a influência da mídia e das plataformas digitais no debate público. A partir desses espaços, o bolsonarismo foi urdido, alcançou a Presidência da República e criou um sistema político e cultural que, à base de muita
desinformação, segue ameaçando a democracia. Para mudar esse cenário, é preciso encarar as comunicações como estratégicas, não como moeda de troca política”.
O grupo de transição que foi constituído para formular propostas setoriais era todo ele composto por representantes do campo progressista, e chegou a sugerir a criação de uma Secretaria de Serviços e Direitos Digitais no MCom, agora, o mais provável é que esse grupo consiga transferir essa secretaria, que teria o papel de regular as mídias sociais, vá para a Secom, liderada pelo petista Paulo Pimenta.
Veja quem assina o Manifesto:
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